Foram seis os municípios da zona centro que assinaram ontem, quarta-feira, nas
antigas instalações da fábrica da CIMPOR, um memorando de entendimento para a
candidatura ao Geoparque do Atlântico.
Presente na sessão de trabalho, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa
enalteceu as sinergias criadas para um “trabalho em rede” e felicitou o Município
da Figueira da Foz por ter “abraçado os seus vizinhos nesta candidatura”.
Os municípios da Figueira da Foz, Cantanhede, Mealhada, Mira, Penacova,
Montemor-o-Velho e a Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e
Mondego (AD ELO) foram resultado de uma parceria sugerida pela UNESCO, após
uma candidatura isolada da Figueira da Foz, de forma a que a mesma cumprisse os
requisitos para um futuro reconhecimento e integração na rede de "Geoparques
Mundiais da UNESCO", nomeadamente no que diz respeito à escala geográfica.
Tendo sido a AD ELO convidada a liderar o processo.
Ana Abrunhosa disse ainda que este pode ser um "momento de mudança" para o
território e ressalvou que a candidatura será melhor conseguida consoante o
envolvimento das pessoas da região e a importância que lhe derem.
Não obstante, a governante revelou não ter dúvidas de que a candidatura irá obter
o selo de aprovação para a integração da rede de "Geoparques Mundiais da
UNESCO".
Já o presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Carlos Monteiro, destacou
que a candidatura representa uma "grande aposta que irá alavancar o turismo da
região, bem como dos restantes municípios", oferecendo algo diferenciador e que o
Cabo Mondego poderá agora tornar-se no "motor de desenvolvimento sustentável
da região".
"O património arqueológico e cultural e a biodiversidade enriquecem a região,
tornando-a numa sala de aula global. Trata-se de um catálogo vivo com
características de alto valor científico, turístico e educacional, que se pretende
agora organizado e estruturado para a rede de um Geoparque", avançou o
edil. Carlos Monteiro não hesitou em afirmar que a "conquista" daquele espaço foi
a "mais importante para o concelho nos últimos anos", após o tribunal ter
reconhecido 50 metros da linha de costa como "domínio público marítimo".
O representante da AD ELO, Mário Fidalgo mostrou a vontade de desenvolver o
trabalho que até então foi discutido e referiu que existem condições suficientes
para que o projeto "seja uma referência", uma vez que todas as potencialidades são
articuladas em rede.
A propósito da importância do Cabo Mondego na Geo-História, a sessão contou
também com a professora Maria Helena Henriques, que destacou a janela temporal
que pode ser observada com a criação do "Geoparque do Atlântico", uma vez que
conseguimos percorrer 500 milhões de anos de história.
"Foram encontrados os requisitos em matéria de património geológico e agora
temos de os inventariar, classificar, valorizar e preservar", afirmou a professora,
esclarecendo que será pertinente criar também programas educativos alusivos ao
tema.
Recorde-se que para obter o selo de "Geoparque Mundial da UNESCO" é necessário
integrar um território com uma área geográfica singular e unificada; que tenha
presença de geossítios e paisagens de importância geológica internacional; possuir
uma estrutura de gestão; envolver os agentes locais numa estratégia de proteção,
educação e desenvolvimento sustentável; ter uma estratégia de desenvolvimento
regional que privilegie o enfoque holístico dos valores naturais e culturais do
território com base em Geoconservação, Geoeducação e Geoturismo.
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