Crónica da autoria de Nelson Fernandes
A indemnização da parceria do Paço de Maiorca
A Câmara vai pedir um empréstimo para pagar uma indemnização de cinco milhões de € á Sociedade
Quinta das Lágrimas. Esta proposta de empréstimo tem como génese uma parceria público privada
estabelecida entre a Câmara da Figueira da Foz (da responsabilidade do Eng.o Duarte Silva e do PSD)
e a dita sociedade, da responsabilidade do advogado e comentador das causas e das coisas, José
Júdice. Nesta parceria a Câmara, através da empresa Grande Turismo, detinha a maioria do
capital; pagava todas as obras; entregava a gestão do hotel Paço de Maiorca á sociedade Quinta
das Lágrimas por um prazo de (salvo erro) 25 anos; e pagava todos os prejuízos que pudessem
advir da exploração desse hotel. Tratava-se de um contrato leonino, onde os prejuízos corriam todos
para a Câmara (e, portanto, para os munícipes da Figueira da Foz) e os benefícios todos para José
Júdice, o comentador das coisas e das causas.
O Eng.o Duarte Silva não é só responsável por este negócio. A Urbanização da Ponte do Galante, em
que Câmara vendeu de manhã o terreno em hasta pública por 300 m € e o comprador vendeu á tarde, o
mesmo terreno por 600 mil €. Ou ainda o negócio com a Tratofoz uma empresa cessou a exploração da
pedreira, devia, conforme a lei fazer a recuperação ambiental, e sem gastar um cêntimo em qualquer
trabalho útil, recebe 600 mil € por quebra de expectativas, foram outras marcas identitárias dos seus
mandatos.
Está morto e paz á sua alma. Mas os seus legítimos herdeiros políticos, do PSD, estão aqui, e, hoje
contestam, não os termos lesivos do interesse municipal que esta parceria contém, mas sim a forma
como o município lhe pôs fim.
O que mostra ao que vem, e que desejam mais do mesmo.
O fim da parceria decorre da extinção das empresas municipais, e concretamente o fim da Figueira
Grande Turismo. À época o dilema que se colocava era, ou a parceria passava para a Câmara, ou a
Câmara punha fim á parceria. Pelo que sabemos as negociações com a empresa do comentador de
causas e coisas, esbarraram sempre com as causas e as coisas do comentador. Feitas as contas entre
o que faltava para acabar a construção, a entrega do hotel para exploração ao parceiro, e o pagamento
continuado dos deficits de exploração, concluiu-se que o melhor era resolver a parceria. Apoiamos esta
decisão e apesar do desfecho em tribunal estamos convictos da sua justeza, isto é, estamos
convencidos que a continuação da parceria, nestes termos, ficava mais cara que a indemnização agora
em causa.
Esta tomada de decisão foi feita também sobre algumas condicionantes que obrigavam a este desfecho.
As medidas de condicionamento do dos déficits municipais, da responsabilidade de Manuela Ferreira
Leite e do governo PSD, a dívida de curto prazo herdada do Eng. Duarte Silva, que impedia o
investimento municipal, a pressão do governo para o fim das empresas municipais.
A Câmara foi condenada em tribunal, e esta condenação decorre naturalmente da lei.
Mas não decorre
da justiça, isto é o tribunal condenou os munícipes figueirenses a pagar cinco milhões de €, a um senhor
que nunca investiu nada de significativo na sociedade de que foi parceiro. Aliás o comentador de causas
e de coisas, é apontado como um dos advogados que participa com regularidade na feitura de leis para
as “suas causas e as suas coisas”. O que, só prova que não é tolo e tem arte.
Porque não concorda com a indemnização a CDU votou contra. A Câmara, podia negociar o pagamento
da dívida em prestações, o mais suaves possível, em prazo o mais dilatado possível, de modo a que o
orçamento municipal não seja significativamente prejudicado. A utilização de uma provisão para o saldo
de gerência seria uma boa maneira de resolver o assunto.
No entanto também nos parece que a Câmara subestimou as questões em tribunal onde o “comentador
das causas e das coisas” se mexe como peixe na água. É o caso do accionamento da garantia ou da
impossibilidade de recurso para outra instância. E finalmente pensamos também que a Câmara deve,
como já dissemos acerca deste assunto, ter muito mais cuidado na escolha dos parceiros.
1 Comentários
E enquanto isto o paço de Maiorca morre ao ambandono e aos olhos de quem tem orgulho na historia e no edificio ...
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