"Aqui sabes quando entras, mas não sabes quando sais"- Sindicato deixa criticas aos «salários de miséria, horários desregulados e extensos» na restauração e hotelaria





Através de comunicado o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro, veio criticar os baixos salários na restauração e hotelaria, criticando os patrões que utilizam a velha máxima "“ aqui sabes quando entras, mas não sabes quando sais”, leia na íntegra o comunicado:


«A Direcção do Sindicato de Hotelaria do Centro, tem vindo a assistir incrédula ao repetir da mentira propalada pelos Patrões da Restauração e Hotelaria na cidade da Figueira da Foz, disseram eles ao longo dos meses de Verão “ Falta mão de obra no sector”. Diz o ditado popular, que uma mentira mesmo que repetida muitas vezes, nunca poderá ser verdade. Na realidade o que a Direcção do Sindicato, na sua intervenção e esclarecimento aos trabalhadores verificou a existência de alguns casos de não declaração do trabalhador á Segurança Social, trabalho ao negro, mas imposto pelo patrão, omitindo ao trabalhador essa situação e retardando dois e três meses a assinatura de um contrato.

Muitos trabalhadores, sabe-se, nem chegam a assinar contrato, juridicamente estão como se ali não tivessem trabalhado e só o recurso a testemunhas exteriores, clientes por exemplo, poderá disso fazer prova em sua defesa, também detectamos situações em muitos bares e restaurantes, em que não pagam os salários atrasando dois e três meses e depois criam em simultâneo, condições de pressão e assédio moral, para que o trabalhador(a) se despeça, ficando por pagar os salários, só o conseguindo se recorrer pela via judicial, o que para muitos é tarefa impossível. Acresce ainda a esta situação, a vulnerabilidade social da grande maioria destes trabalhadores, na sua maioria jovens deslocados das suas famílias e muitos deles emigrantes, sem dinheiro para pagar o alojamento e vivendo assim em situações de dependência e condições degradantes, é para isto que os patrões pedem a vinda de mais trabalhadores emigrantes.

A Direcção do Sindicato não desistirá de expor as suas opiniões e denunciar a situação do sector, porque este é certamente, o de maior proliferação da economia informal. A falta de pessoal para trabalhar no sector, a existir tem culpados e esses são os patrões que mantiveram o recurso abusivo e ilegal a empresas de serviços extras, cujos trabalhadores (as) para além de não possuírem a formação necessária para exercer funções no sector, também são explorados e mal remunerados, com maior incidência nos hotéis e empresas de eventos, verificando-se também a já usual utilização abusiva dos jovens formandos em estágios profissionais, colocados a exercer funções, sozinhos nas secções, substituindo assim os profissionais necessários e que não são contratados.

O Sindicato volta assim novamente a responder, agora com mais conhecimento de causa e levantamento de várias situações em concreto, sobre a forma como tratam e exploram os trabalhadores emigrantes e com eles pressionam os nacionais, para lhes baixar salários e direitos. Com salários de miséria, horários desregulados e extensos, onde alguns patrões menos escrupulosos utilizam a velha máxima “ aqui sabes quando entras, mas não sabes quando sais” a ausência de compensação do trabalho ao fim de semana, entre outras razões, são os factores negativos que não cativam os milhares de jovens que se formam no sector mas que posteriormente não se fixam nas empresas. O Sindicato irá continuar esta luta desigual, mas não desistirá dos trabalhadores».

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