A Associação das Coletividades do Concelho da Figueira da Foz (ACCFF) comemorou no passado dia 5 de maio o seu décimo oitavo aniversário. A data foi assinalada na sede do Quiaios Clube, na freguesia de Quiaios, com casa cheia para assistir à tradicional sessão solene, que foi antecedida por um momento cultural, a cargo de dois jovens músicos, Guilherme Pinto (violinsta) e Vitalie Bologa (acordeonista), e do tenor figueirense Luís Pinto.
«Prémio Valor e Mérito Associativo»
A sessão ficou marcada pela entrega do «Prémio Valor e Mérito Associativo», galardão destinado a pessoas singulares e coletivas que, pela sua ação permanente e duradoura em prol do associativismo no concelho da Figueira da Foz, constituem referências no movimento associativo concelhio. O «Prémio Valor e Mérito Associativo», que se traduz num reconhecimento público, entre pares, de exemplos de dedicação à causa associativa, sublinha o valor da dimensão social e humana dos galardoados e o seu mérito associativo, no contexto da ação desenvolvida em prol de uma ou mais coletividades do concelho da Figueira da Foz.
O galardão foi entregue a Angelino Mendes Esteves Pardal que tem um percurso associativo de mais de sessenta anos dedicados à música e, em particular, à Sociedade Instrução e Recreio de Lares, e a Eduardo Manuel Abreu Mouco, distinto amador de teatro, dirigente e colaborador do Grupo Instrução e Recreio Quiaense.
Sessão Solene
António Rafael, o Presidente da Direção da ACCFF, falou dos desafios do associativismo, nomeadamente "a necessidade de reinvenção" do próprio movimento associativo popular, e sublinhou a necessidade de se "aprofundar a investigação sobre a temática associativa" e de "estreitar relações com o mundo académico e empresarial". Lembrou o empenho da estrutura que dirige na procura de soluções para "os problemas que causam entropias no desenvolvimento da atividade associativa", focando os casos do folclore e do teatro amador. Aquele dirigente pugnou ainda "por mais formação direcionada para os dirigentes associativos" e salientou a necessidade de continuar a luta
”pelo reconhecimento da importância das coletividades e associações junto do Poder Central, pugnando por um regime fiscal diferenciado que reconheça as especificidades do sector". Assinalando o Dia da Mãe, que se comemorava naquela data, António Rafael, deixou um apelo às mães: “pela felicidade e saúde dos vossos filhos levem-nos à coletividade”.
Usaram ainda da palavra Adelino Soares, da direção nacional da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Fernanda Lorigo, Presidente da Freguesia de Quiaios, Recreio e Desporto, José Duarte, Presidente da Assembleia Municipal, e o Vereador Miguel Pereira, em representação da Câmara Municipal da Figueira da Foz, que enalteceu a relação de confiança existente entre o Município e a ACCFF, focou a importância das coletividades para o turismo local e confessou o desejo de fazer da Figueira “a capital do tecido associativo".
Prémio Valor e Mérito Associativo – Angelino Mendes Esteves Pardal
Angelino Mendes Esteves Pardal nasceu a 20 de dezembro de 1934 e é atualmente o sócio mais antigo da Sociedade Instrução e Recreio de Lares. As primeiras notas de música foram ensinadas por Manuel Ângelo Esteves Pardal. Iniciou o seu percurso como músico / trompetista aos 18 anos de idade, na Filarmónica de Lares, sob a orientação do Maestro António Henriques. Durante cinquenta e nove anos cumpridos em 2001, integrou aquela Filarmónica como músico permanente, sob a batuta de vários maestros. Colaborou ainda pontualmente com diversas bandas do concelho da Figueira da Foz (Alqueidão, Paião, Carvalhais de Lavos, Quiaios, Maiorca, Figueirense e Dez de Agosto) e ainda com a Filarmónica de Abrunheira do concelho de Montemor-o-Velho.
De 1953 a 2001, foi trompetista no Presépio, auto tradicional realizado anualmente pelo Grupo Recreativo Vilaverdense. Entre 1953 e 1960 integrou a "Orquestra Ideal Jazz" de Vila Verde. Foi músico militar nos anos 1955/1956, na Figueira da Foz. Mais tarde, entre 1997 e 1999, fez também parte da Orquestra Figueirense. Em jovem, dançou no Rancho Papoilas de Lares e na Contradança e, mais tarde, já na qualidade de trompetista, colaborou com o rancho da sua terra, durante mais de vinte e cinco anos.
Ao longo de toda a sua vida, e enquanto lhe foi fisicamente possível, participou nas Marchas de São João, ao serviço de várias coletividades, nomeadamente da Sociedade Instrução e Recreio de Lares, do Grupo Recreativo Vilaverdense, do Grupo Instrução e Musical da Fontela, entre outras. Foi diretor da SIRL, onde mora grande parte do seu coração, no ano de 1965 e podemos afirmar com rigor que assistiu a praticamente todas as atividades desta coletividade desde os cinco anos até aos dias de hoje. É uma referência viva de entusiasmo, de dedicação ao associativismo e de amor à música.
Prémio Valor e Mérito Associativo – Eduardo Manuel Abreu Mouco
Eduardo Manuel Abreu Mouco, filho de Marcolino Custódio Mouco e Idalina Gaspar Abreu, nasceu em Quiaios, na Rua Direita, a 6 de novembro de 1956. Aos 12 anos foi viver para Buarcos. Enquanto aprendia a profissão de mecânico, estudava durante a noite e concluiu o 9.º ano. Sempre teve muito gosto por livros e era muitas vezes repreendido pelo pai por estar a ler até na hora das refeições. Em 1964 foi viver para a Gafanha da Nazaré, onde trabalhou como bate-chapas. Cumpriu serviço militar em Moçambique e regressou a Quiaios em 1970.
Em 1971 sobe pela primeira vez ao palco do Grupo Instrução e Recreio Quiaense, integrando o elenco da peça de Ramada Curto, “Justiça”, pela mão de Manuel Gaspar Pereira. Nunca mais parou. Conta com a participação em dezenas de peças, entre dramas, comédias, operetas e teatros de revista. Destacam-se as suas interpretações nas peças “Morgadinha de Valflor”, em 1978, e “Entre Giestas”, em1982. Aprendeu com os mestres José da Silva Ribeiro e Manuel Gaspar Pereira, tendo assumido, mais tarde, o papel de encenador em diversas revistas e nas operetas “Entre Duas Avé-Marias” e “Os Amores de Mariana”. Foi ator, encenador, técnico de palco, ponto, colocando-se sempre ao serviço da coletividade e do teatro como um simples colaborador, evidenciando a sua personalidade humilde e, acima de tudo, o seu carácter generoso.
Paralelamente à atividade teatral, Eduardo Mouco cedo revelou um enorme talento para a escrita. São da sua autoria inúmeras rábulas, principalmente evocativas das tradições e costumes da vila de Quiaios, e dezenas de letras de música para espetáculos de revista. É também o autor de muitas das letras das Marchas Populares de São João, sendo da sua autoria todas as letras das marchas do Grupo Instrução e Recreio Quiaense, desde 1989 até 2008, data da última marcha apresentada por esta coletividade. Paralelamente, escreveu letras para marchas populares de outras coletividades do concelho, nomeadamente para o Grupo Musical Instrução Tavaredense, Mulheres de Tavarede, tendo obtido vários primeiros lugares.
Entusiasta da sua coletividade, é um dos mais conhecedores da história da GIRQ, tendo sido o responsável pela pesquisa histórica que deu origem ao Livro do Centenário. Enquanto dirigente, foi Presidente e Secretário da Direção do Grupo Instrução e Recreio Quiaense e é, desde 2015, o Presidente da Mesa da Assembleia Geral daquela coletividade.
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