Por Aldo Aveiro
A comunidade cristã da paróquia de Samuel, arciprestado do Baixo Mondego e
no concelho de Soure, festejou a padroeira, Nossa Senhora da Purificação, com
entusiasmo e devoção, no passado fim-de-semana (2 e 3 de Fevereiro),. A festividade
teve mais brilho e satisfação, uma vez que no dia 27 foram inauguradas as obras de
restauro da igreja paroquial local, após profunda intervenção.
Os festejos arrancaram na sexta-feira, com atuação do Grupo Hip-Hop da ACRS
de Samuel, “Samuel Beat” e “festa da cerveja”, animada pela banda Kremlin.
No dia 2, à noite, dia da padroeira, teve lugar a celebração da Eucaristia, seguida de
procissão de velas. No final, assistiu-se atuação da cantora Rebeca e baile com AS Band
e DJ Rodriguez.
A festividade, de cariz religioso, teve o seu ponto alto, no dia 3 de Fevereiro,
com a celebração de Missa Solene (14h30) seguida de procissão, acompanhada
musicalmente pela Filarmónica de Instrução e Recreio da Abrunheira, terminando com
a tradicional venda dos ramos.
A animação popular voltou, no final dos atos religiosos, atuando o popular
artista Xico à Portuguesa. Um baile, à noite, com a banda Nova Imagem, encerrou as
festas.
Assim, a comunidade de Samuel esteve em festa pelo segundo fim-de-semana
consecutivo, após no domingo, 27 de Janeiro, ter participado num almoço convívio, a
que se seguiu a celebração da Eucaristia (14h30), presidida pelo vigário-geral da
Diocese de Coimbra, padre Pedro Carlos Lopes de Miranda, com animação dos coros de
Samuel e “Vozes de Montemor”. A festividade deste dia terminou com a sessão solene
de bênção e descerramento da placa evocativa da inauguração das obras de beneficiação
e remodelação do interior e exterior da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da
Purificação de Samuel (vulgarmente conhecida por “igreja do Diabo”) e um concerto
pelo Grupo Musical Gesteirense.
Obras superam 200 mil euros
As obras de beneficiação do templo e área circundante, agora inauguradas,
duraram cerca de meio ano, representando um custo superior a 200 mil euros,
provenientes do apoio da Câmara Municipal de Soure (cerca de 70 mil euros), da Junta
de Freguesia de Samuel (10 mil euros), bem como dos donativos da população, que
desde 2014 e, com maior incidência, ao longo de 2018, desenvolveu diversas iniciativas
com vista à angariação de fundos”.
Sob o lema “Aproximai-vos do Senhor”, a realização desta obra motivou o
envolvimento e contribuição de toda a população da paróquia de Samuel e das
comunidades vizinhas, das coletividades da freguesia e grupos musicais, culturais e de
folclore do concelho de Soure e concelhos vizinhos.
Mantendo toda a identidade e traça original, a obra foi realizada por empresas
com um vasto currículo de intervenções neste tipo de edifícios, sendo que os projetos de
especialidade estiveram a cargo do arquiteto sourense Ricardo Tralhão.
O restauro da arte sacra dos altares, que ficou de fora desta intervenção,
conclusão dos arranjos urbanísticos exteriores e criar um pequeno núcleo museológico
ligado à igreja são as próximas tarefas que o Conselho Económico da Paróquia de
Nossa Senhora da Purificação de Samuel pretende também concretizar.
A primitiva Igreja da paróquia de Nossa Senhora da Purificação de Samuel terá
sido construída no século XII, cuja referência mais antiga consta do “catálogo de todas
as igrejas e comendas que havia no Reino, nos anos de 1321 e 1322”, tendo sido alvo,
no longínquo ano de 1613, de uma das mais significativas remodelações. Ao longo dos
séculos sofreu várias intervenções, conservando, no entanto, os traços daquela reforma.
É conhecida como a “igreja do Diabo”, porquanto o altar das Almas ostenta um quadro
onde se vê a figura do diabo a ser estocado pelo arcanjo S. Miguel.
A antiga paróquia de Nossa Senhora da Purificação de Samuel foi vigairaria da
apresentação do Mosteiro de Seiça. Pertenceu ao Arcediago de Penela, ao arciprestado
da Ega, ao arciprestado de Alfarelos e Soure e atualmente ao do Baixo Mondego. No
“termo de Montemor-o-Velho”, foram donatários de Samuel, até 1759, os Duques de
Aveiro, data em que reverteu a favor da Coroa. Constituiu o reguengo de Samuel e
Urmar até ao liberalismo, sendo então anexada ao concelho de Abrunheira e, desde
1844, ao de Verride, que foi extinto por decreto de 31 de Dezembro de 1853, passando a
integrar o concelho de Soure. Em 1839 está integrada na comarca da Figueira da Foz e
em 1852 na de Soure.
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