O Laboratório de Radioatividade Natural (LRN) do Departamento de
Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC) é o primeiro laboratório da
Península Ibérica a obter acreditação da norma ISO 17025 (norma
internacional para a padronização de ensaios e calibração) para
avaliação de todos os parâmetros radiológicos que permitem
responder à globalidade das exigências impostas pela União
Europeia relativas à proteção contra os perigos da exposição a
substâncias radioativas naturais.
Este selo de qualidade de referência atribuído pelo Instituto Português
de Acreditação (IPAC), o organismo de acreditação em Portugal, resulta
de um complexo e exigente processo que durou mais de dois anos.
«Foi um percurso longo, com um grau de exigência muito elevado,
mas esta certificação é o reconhecimento do LRN como centro de
referência nacional e internacional, que cumpre um rigoroso
sistema de qualidade e de boas práticas. Isto significa a chancela
de confiança máxima para as instituições que procurem os nossos
serviços» afirma Alcides Pereira, diretor do Laboratório de
Radioatividade Natural.
Por outro lado, com a acreditação agora obtida, Portugal deixa de ter de
recorrer a laboratórios estrangeiros para a realização de alguns ensaios
porque «o Laboratório de Radioatividade Natural da FCTUC está
agora habilitado a dar resposta a todos os parâmetros radiológicos
que estão contemplados na legislação mais recente (diretivas
comunitárias) sobre a radioatividade natural. É o primeiro na
Península Ibérica a conseguir acreditação para a globalidade dos
parâmetros impostos pela União Europeia», esclarece o também
professor catedrático do Departamento de Ciências da Terra da FCTUC.
Permite igualmente criar um polo de excelência na área da
Radioatividade Natural – radioatividade que está presente no ambiente e
que tem origem em elementos naturais (água, ar, materiais de
construção, etc.) – por forma a contribuir para o desenvolvimento
científico e tecnológico de práticas sustentáveis que protejam a saúde
das populações.
Nesse sentido, Alcides Pereira defende a elaboração de um mapa de
risco que identifique as zonas mais problemáticas do país no que
respeita à exposição do ser humano a radiações ionizantes de origem
natural. «Estamos continuamente expostos a diferentes fontes de
radiação natural, sendo por isso necessário perceber quais os
locais mais problemáticos no território português e propor medidas
que protejam as populações e que permitam mitigar os impactos
dessa exposição. Existem alguns estudos, mas são pontuais. Por
exemplo, sabendo-se que a região Centro é a zona do país mais
afetada pelos problemas associados à exposição de radiações
ionizantes de origem natural, importa perceber e controlar o nível
de exposição», observa.
Por sua vez, o diretor da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Luís
Neves, salienta tratar-se do «primeiro laboratório da instituição a
obter acreditação, o que constitui incentivo a que outras áreas
científicas possam evoluir no mesmo sentido.»
O Laboratório de Radioatividade Natural da FCTUC, cuja génese
remonta a 1999, está atualmente envolvido num trabalho de remediação
ambiental de minas de urânio pioneiro a nível mundial, centrado na
recuperação das habitações dos antigos mineiros da Urgeiriça, bem
como um estudo relativo à qualidade radiológica das águas de consumo
do país.
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